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26 de Abril de 2024

Brutal assassinato com estupro de adolescente reacende luta contra o feminicídio na Argentina

Depois de matar Lucía Pérez, de 16 anos, agressores lavaram corpo para tentar acobertar o crime.

Publicado por Camila Vaz
há 8 anos

Brutal assassinato com estupro de adolescente reacende luta contra o feminicdio na Argentina

A argentina Lucía Pérez, de 16 anos, foi drogada, estuprada e empalada na cidade costeira de Mar del Plata. Após abusar sexualmente da jovem até sua morte, os assassinos lavaram seu corpo e trocaram sua roupa. Depois a levaram até um centro de saúde e disseram que ela tinha ficado inconsciente devido a uma overdose. Os médicos não conseguiram reanimá-la. Essa é a reconstrução feita pelo Ministério Público de um dos feminicídios mais brutais já registrados na Argentina e que motivou uma manifestação de repúdio para a próxima quarta-feira.

“Jamais vi uma conjunção de fatos tão aberrantes”, disse a promotora María Isabel Sánchez ao informar à imprensa sobre o crime. Segundo a hipótese de Sánchez, a adolescente entrou em contato com os dois primeiros acusados porque uma amiga queria comprar a maconha que eles forneciam. No dia do crime, ela saiu de casa com os homens e se dirigiu com eles até a residência de Farías, onde “foi submetida à vontade dos autores do crime”. Ela consumiu maconha e cocaína “em grande quantidade” e foi “estuprada por via vaginal e anal, não só com o pênis do homem que cometeu o ato, mas também com a utilização de um objeto não pontiagudo, como um bastão.” Sua morte foi provocada por um “reflexo vagal” como consequência do violento abuso com um desses objetos. A polícia encontrou uma grande quantidade de preservativos usados e elementos de uso sexual na cena do crime.

O feminicídio gerou comoção em todo o país, especialmente em Mar del Plata, uma cidade de 600.000 habitantes situada 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires. A vítima, que cursava o quinto ano do ensino médio, era filha de uma família trabalhadora, que se mobilizou com milhares de moradores para exigir uma “condenação exemplar” aos assassinos.

Desde o assassinato de Lucía Pérez, pelo menos outras três mulheres foram assassinadas na Argentina. Silvia Filomena Ruiz, de 55 anos, foi esfaqueada por seu ex-cônjuge na localidade de Florencio Varela, na província de Buenos Aires, na quinta-feira passada. Marilyn Méndez, de 28 e grávida de três meses, foi morta do mesmo modo um dia depois também por seu ex-cônjuge na província de Santiago del Estero (norte). Vanesa Débora Moreno, de 38, foi apunhalada no último domingo em Lanús, na grande Buenos Aires. A Justiça investiga a morte de Milagros Barazutti, de 15, encontrada morta no fim de semana num descampado de Mendoza, no oeste do país, sem sinais de violência.

A Corte Suprema de Justiça da Argentina registrou 235 feminicídios em 2015, numa média de um crime a cada 36 horas. Um ano antes, a cifra foi de 225 feminicídios. O repúdio generalizado à violência machista foi expressado nos dois últimos 3 de junho, com protestos de multidões em todas as grandes cidades do país sob o lema “Ni Una Menos” (Nenhuma a Menos).

Ante o assassinato selvagem de Pérez, 50 organizações convocaram uma greve de uma hora e uma nova marcha na próxima quarta-feira. “A menos de uma semana do Encontro Nacional de Mulheres, um novo feminicídio brutal mostra a violência a que estamos expostas. Por todas as mulheres que faltam, pelas assassinadas e desaparecidas, contra a violência e o terrorismo machista, contra a impunidade, contra o acobertamento, contra a inação e a cumplicidade estatal e policial”, diz um dos textos que convocaram a marcha.

Assim como na Polônia em 4 de outubro passado, a orientação é se vestir de preto para tornar mais visível a violência contra as mulheres.

Brutal assassinato com estupro de adolescente reacende luta contra o feminicdio na Argentina


UM FEMINICÍDIO A CADA 36 HORAS

Mais de 200 feminicídios são perpetrados por ano na Argentina. Ante a crescente preocupação social, a Corte Suprema de Justiça começou a elaborar no ano passado o Registro Nacional de Feminicídios. Segundo as cifras oficiais, em 2015 foram assassinadas 235 mulheres pelo fato de serem mulheres, numa média de uma a cada 36 horas. Do total de vítimas, 18% tinha menos de 20 anos, 43% tinha entre 21 e 40 anos, 25% entre 41 e 60 anos e 9%, mais de 60.

Embora somente 5% dos assassinatos tenham sido cometidos por pessoas sem nenhum vínculo com a vítima, esses são os crimes que ganham maior visibilidade e provocam maior comoção social. Em mais da metade dos casos, o agressor era o cônjuge ou ex-cônjuge da vítima.

Duas de cada dez mulheres assassinadas haviam denunciado seu agressor, o que evidencia a necessidade de tomar medidas para proteger quem dá o primeiro passo para fugir da espiral de violência. Como consequência dos 235 homicídios registrados, pelo menos 203 crianças e adolescentes ficaram órfãos de mãe.

Fonte: Elpais


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16 Comentários

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Espero que a Argentina dê uma resposta melhor que a brasileira.
Aqui a família passa por duas tragédias: a primeira quando a mulher é assassinada e a segunda quando a pena é conhecida.
Mesmo sendo condenado a muito tempo preso, a lei de execução penal irá soltar o criminoso logo, em nome da "dignidade humana".
Digno seria não matar por banalidade. continuar lendo

Camila...
A solução tem que obrigatoriamente passar pelo fim das delegacias especializadas. Qualquer delegado deve ser capaz de lavrar um B.O. seja de que crime for. A maior parte das policias civis no Brasil não tem áreas de inteligencia realmente inteligentes. Segue meu relato da semana:
Fui a uma cafeteria em João Pessoa, lá a atendente que me forneceu o café estava toda arranhada e machucada, perguntei se havia sofrido um acidente de moto. Sabe o que ela me respondeu?
Não. Foi uma tentativa de estupro.
Como assim?
Eu estava no ponto de ônibus para vir trabalhar (ou seja à luz do dia), e um homem me abordou e disse, "sua miseravel não grita e me acompanha", eu me apavorei e comecei a gritar, era feriado e estava tudo deserto, quando o cara viu que eu gritei e apareceu na esquina um carteiro ele se apavorou e saiu na direção de um veiculo, entrou e vi que havia outro homem no carro. Eu na figa cai por duas vezes e me machuquei.
Eu: Vc fez o Boletim de Ocorrencia?
Tentei, fui na delegacia de flagrantes, disse oque aconteceu e que na casa em frente havia uma camera que gravou tudo o que ocorreu, os policiais riram e disseram que não havia crime e que se eu tivesse sido estuprada aí sim. Ainda fui na delegacia de mulheres...e me disseram a mesma coisa. Saí das duas arrasada e meu marido indignado.
EU: Peraí, tem imagem do cara que te atacou!?
Tem sim senhora.

Fui para casa e aquela historia lá me incomodando, entrei na internet e busquei por crimes semelhantes na região, encontrei um no mes de setembro, uma menina de 15 anos foi levada para um matagal estuprada (dois homens num carro preto). Detalhe,o que separa um crime do outro é menos de 1 km, foram em bairros vizinhos.

Aí comecei minha peregrinação, liguei na delegada que havia lavrado o inquerito da adolescente, ela não se lembrava do caso, disse "Ah...esse caso da adolescente esta na delegacia de menores, liga lá". La fui eu ligar, só que era a delegacia de menor infrator, me passaram o da delegacia de menor que sofre crime, falei com a delegada Joana Darc, contei minha historia, disse que havia imagem e dei todas as coordenadas, crimes em datas proximas em bairros vizinhos e de mesmo modus operandi, no segundo havia uma imagem,euna minha santa ingenuidade achei que eles correria atras pq bastaria a adolescente reconhecer e aí coloca-se na midia e pronto, vale a pena tentar.
Pergunta: A delegada foi atras?
Nunca

Um caso seria tocado na delegacia de menor que sofre violencia, o outro na delegacia de mulheres se tivesse sido feito o B.O.

Aí fica a pergunta:
Se fosse um cara tentando abrir um cofre em frente uma camera, seria ou não um flagrante?

Aqui na Paraíba honestamente, as delegadas não tem interesse algum, e pior ainda escutei a delegada dizer que era culpa do governador...francamente, desde quando preguiça é culpa dos outros.

REVOLTANTE! continuar lendo

Esse é o péssimo nível de treinamento dos policiais brasileiros. Tenho vários exemplos de maus procedimentos de policiais. Somos uma nação subdesenvolvida. continuar lendo

É uma gigantesca dose diária de absurdos... Revoltante. continuar lendo

Por tudo isso e muito mais o Congresso deve aprovar urgentemente o Projeto de Lei 5398/13, do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que estabelece a castração química como condição para o condenado por estupro voltar à vida em sociedade. A proposta também altera a Lei de Crimes Hediondos (8.072/90) para incluir essa obrigatoriedade na progressão do regime. continuar lendo

Antonio, estupro é crime de poder, castração quimica e nada é a mesma coisa, o cara só vai passar a usar um bastão uma garrafa ou o que quer que seja. A maior parte dos estupradores são eventuais, ou seja nunca estupraram, são pessoas que se misturam a multidão, muitas são casadas e tem filhos. A cultura tem que mudar pra ontem, desde a escola. continuar lendo

Antonio, estupro é crime de poder, castração quimica e nada é a mesma coisa, o cara só vai passar a usar um bastão uma garrafa ou o que quer que seja. A maior parte dos estupradores são eventuais, ou seja nunca estupraram, são pessoas que se misturam a multidão, muitas são casadas e tem filhos. A cultura tem que mudar pra ontem, desde a escola.
De boa...Bolsonaro falar de estupro é o mesmo que Renan Calheiros falar de fraude. continuar lendo

Complementando o que a Ana Lucia respondeu, temos que atentar para o fato de que não se trata somente do estupro em si, mas também os atos que precederam e seguiram ao estupro. não foi um caso como o que costumamos ver em que o homem leva a mulher para um beco ou um matagal e se satisfaz sexualmente, neste caso em específico houve o concurso de diversos crimes, um mais violento e hediondo que o outro, ou seja, apenas a castração química em casos como o acima realmente não seria suficiente. continuar lendo

Em resposta aos argumentos esposados pelas doutas Ana Lucia Fagundes Souto e Heloisa Helena Pereira de Carvalho, informo, precipuamente, que sou totalmente de acordo que a educação se trata de condição sine qua non para uma mudança de fato positiva e duradoura no quadro que ora assombra nossa sociedade. Notadamente, porém, é sabido que se leva muito tempo para sua implementação e colheita de resultados minimizadores de tamanha aberração. De modo que, para fins imediatos, penas mais duras a atrocidades como as constantes no presente artigo se mostram, ao meu ver, ao menos um alento às vítimas e seus parentes, eternamente mutilados que são por doentes insanos e covardes que veem na impunidade vigente um estímulo à continuidade de seus atos perversos, chegando ao absurdo de repisá-los. Ao fim e ao cabo, lembro-as que a castração em espeque já é praxe em países ditos desenvolvidos. continuar lendo

Pode até não ser suficiente ou que não impediria, mas que o individuo iria pensar duas vezes tenho certeza. Apesar de ser contra esse Bolsonada tem algumas coisas que propõe interessantes. Pena que a magistratura brasileira (por lobby deles mesmos) esteja atolada de processos e não pare para pensar que se cometeu um crime tem que pagar. Admiro aquele país do norte que possui telefone no patio das prisões, mas o preso só tem contato com seus carcereiros, não essa esbornia que é aqui. continuar lendo